Fiquei muito contente ao saber, há algum tempo, que o Redu abriria seu código. A decisão de transformar o código, até então proprietário, em software livre e de código aberto (ou FLOSS, do inglês, Free / Libre and Open-Source Software) pode parecer um tanto controversa e bastante contra-intuitiva, se analisado o modelo de negócio que o Redu se propunha incialmente. No entanto, se pensarmos com mais profundidade sobre o que é o Redu e quais as consequências da abertura dó código, poderemos descobrir por que abrir o código faz todo sentido.

O Redu é uma plataforma para ensino à distância que possui elementos de rede social – com vistas à facilitação e à suplementação das atividades de ensino. Desenvolvido majoritariamente com Ruby on Rails, o projeto nasceu no Centro de Informática da UFPE, conduzido inicialmente por um núcleo de estudantes sob mentoria do professor Alex Sandro Gomes.

A equipe cresceu (junto com o projeto) e foi incubada na Cais do Porto, incubadora do Porto Digital, no Recife. Foi lá que – depois de ter ficado curioso sobre o projeto, que me foi apresentado durante uma das aulas do professor Alex Sandro – tive a experiência acadêmica / profissional mais proveitosa desde o meu ingresso na UFPE.

Passei um ano em convívio quase que diário com pessoas mais espertas, bonitas e divertidas que eu – e, é claro, como bom sertanejo que sou, aproveitei isso o máximo que pude. Minha mentalidade e atitude quanto às formas de realizar atividades cotidianas de um desenvolvedor de software (ou criador de soluções com base em tegnologias digitais) foram completamente trasformadas – da água para o vinho ou, para fazer uma analogia mais apropriada ao contexto, do Windows para o Linux.

Foi também durante este proveitoso período que tive oportunidade de participar das aulas de uma das disciplinas mais legais oferecidas no centro: Tópicos Avançados em Linguagens Computacionais (aka FLOSS ou Desenvolvimento de Software de Código Aberto / Livre), ministrada pelo professor Fernando Castor.

A disciplina conta com atividades que estimulam o envolvimento dos participantes em projetos FLOSS – além de conteúdo relevante no que concerne a gerenciamento de projetos open source, licenciamento de projetos afins e outras questões associadas. Descobri – àquela época – que compartilhava mais coisas com Richard M. Stallman além de uma barba horrenda e o nome do meio.

Tecnologia, por definição, não deve ser vista como o fim – mas como o meio. A prática capitalista agressiva que visa lucro acima de tudo defende a monetização a partir de tudo e de todos mas projetos FLOSS grandes (como Linux, git, LaTeX e tantos outros) mostram que o rendimento financeiro nem sempre figura como principal motivação para desenvolvimento de software de qualidade.

Seguindo essa linha de raciocínio, não é preciso muito esforço para trazer à tona a ligação intrínseca que existe entre a filosofia do pensamento reduniano (isto é, relativo ao Redu) de potencialização do talento das pessoas e a dos preceitos do FLOSS – de abertura, colaboração e crescimento mutual (comunidade + projeto).

As desveladas linhas deste singelo texto depõem minha mais sincera e veemente empolgação. Estou certo de que o Redu e sua nova comunidade têm um promissor caminho a trilhar e espero participar dele da maneira que for mais valiosa para o nosso crescimento!

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P.S.: um terno e carinhoso abraço aos meus queridos amigos redunianos Guila, Déds, Tiago, Jubs, Sérgio, Tacsio, Wandj, Varjão, Bruno(s), Jess, Thaís e todos com quem eu tive o prazer de aprender tanto. Hands on!